A polarização política manteve-se em pauta nesta terça-feira (18/08) durante o VII Congresso Brasileiro de Direito Eleitoral. O assunto havia surgido pela manhã, no painel “Polarização Política e a Privacidade de Dados”.
O debate foi moderado pela advogada Mariana Lopes, que preside a Comissão da Mulher Advogada da OAB Paraná, e contou com as participações do corregedor do Tribunal Regional do Amazonas (TRE-AM), Eric Carvalho, do jornalista Rogério Galindo e da juíza do Tribunal Regional Eleitoral do Tocantins (TRE-TO) Angela Haonat.

“As mídias sociais se tornaram palcos de debates, de agressões e da promoção do discurso de ódio”, afirmou Carvalho. “A inclusão digital permitiu opinar e rebater outras opiniões, gerando uma violência verbal indiscriminada que alimentam a polarização e o discurso de ódio”, complementou. Para ele, a polarização política estimula os debates, mas inibe a consciência crítica.

A juíza advertiu que uma das consequências da polarização política, em sua forma mais extrema, é a extinção do sistema democrático. “Há uma quebra de confiança nas instituições de uma forma generalizada e não só um enfraquecimento da democracia”, explicou.

Para Galindo, a dissonância política é um fenômeno comum dentro de uma sociedade organizada. “É normal que as pessoas tenham posições diferentes e a política serve para conciliar e minimizar esses confrontos”, disse. O jornalista observou que a polarização pode ser vista positivamente se existe a convivência pacífica. “Há gradações dentro da polarização. Temos campos opostos muito divergentes, mas ainda estamos vivendo dentro dos princípios democráticos”, pontua.

A moderadora sublinhou que o extremismo está inibindo o diálogo entre as pessoas. “Não querem unir as ideias. Os espaços foram tão delimitados que parecem territórios de guerra”, constatou.

Educação política

Para os participantes do painel, a convivência pacífica depende da educação e da alteridade. “Precisamos viver essa cidadania mais fraterna. Nós estamos vivendo a cultura do ter e esquecendo a cultura do ser”, expôs a magistrada. “Nós é que temos que mudar”, disse Galindo. “Estimula-se a liderança e o alcance das metas profissionais, mas pouco se fala nas virtudes de que precisamos para sermos bons cidadãos e perceber que não somos o centro do mundo”, refletiu.

Carvalho alertou para necessidade de educação midiática em todas as camadas da sociedade, para se promover a cultura do respeito e da tolerância. “É um exercício individual e coletivo de alteridade, não é uma disputa”, comentou.

Na visão de Mariana, a pandemia e o isolamento social trouxeram uma reflexão valiosa. “Se nós não começarmos a olhar para o outro como ser necessário para a nossa existência, vamos sucumbir”, concluiu.