Em cerimônia realizada na noite de quinta-feira (28 de agosto), no auditório do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, a advogada Ana Carolina Clève tomou posse como presidente do Instituto Paranaense de Direito Eleitoral (Iprade), para o biênio 2019-2021. Reconhecendo estar assumindo o instituto em um momento de “mal-estar constitucional”, ela prometeu, durante sua gestão, combater a criminalização da política, defender o respeito à instituições e à advocacia, não transigir com o descaso com a educação e trabalhar pela inclusão da mulher na política e nos espaços de poder.

“Embora nossa democracia esteja sendo colocada em teste, não estamos em crise. As instituições, mal ou bem, estão funcionando. Mas não é um momento de tranquilidade. Precisamos estar atentos e vigilantes e ter muita resiliência. Precisamos aumentar o volume da voz dos que pensam, dos que entendem o sentido de república”, disse a advogada, em seu discurso.  A nova presidente do Iprade questionou a quem interessa a criminalização da política. “Há que se combater a criminalização da política. A política é o espaço da transformação. É o ambiente plural, heterogêneo, com representação dos mais diversos seguimentos. Fazer política é nobre. A criminalização da política é o maior dos retrocessos, é o que leva à colonização da própria política. A quem isso interessa? Não há espaço vazio na política”, alertou.

Primeira mulher a assumir a presidência do instituto, Clève disse que a “menina dos olhos” de sua gestão será trabalhar para ampliar a participação feminina na política e nos espaços de poder. “A representatividade política das mulheres é um dos indicativos da qualidade da democracia em um determinado país e, no Brasil, estamos muito longe da igualdade, com apenas 15% das cadeiras no parlamento. Isso significa que há algo errado”, comentou. Ao chegar à presidência da instituição, a advogada destacou o pioneirismo de sua colega, e membro da comissão de notáveis do Iprade, Carla Karpstein. “A luta está no começo e quem está na frente é o primeiro a levar a rajada. E, aqui no Paraná, quem abriu o caminho para as mulheres no direito eleitoral foi a Dr.a Carla Karpstein”.

Reconhecimento e desafios

A nova presidente do Iprade abriu seu discurso reconhecimento o trabalho de seus antecessores (Guilherme Gonçalves, Luiz Fernando Pereira, Gustavo Guedes e Moisés Pessuti) que transformaram o Iprade em referência nacional. “Guilherme e Pereira plantaram a semente, deram concretude ao que antes era apenas uma ideia. Uma ideia ousada, como eles. Ousada porque, naquela época, o direito eleitoral apenas engatinhava. O Gustavo e o Moisés fizeram florescer ainda mais. O Gustavo fez o maior Congresso, o de 2016, o Moisés, fez o mais inovador do Brasil, em 2018. Venho com a tarefa de manter a dimensão conquistada até aqui: o Iprade responsável por fazer do estado do paraná uma referência nacional no direito eleitoral. Os advogados do Paraná fazem escola e são reconhecidos em todos os estados do Brasil”.

Além do desafio de manter a grandeza e notoriedade do Instituto, Ana Carolina Clève enumerou alguns objetivos e medidas já adotadas no início de sua gestão: a inclusão de servidores da Justiça Eleitoral na diretoria do instituto; a criação de uma diretoria de relação com as universidades, “essencial para os tempos hostis à educação. Jamais transigiremos com o descaso com a ciência”; a diretoria de relações institucionais para representar o Iprade em Brasília e a diretoria regional, para levar o instituto a todas as cidades do estado.